No dia nove de fevereiro, Cachoeirinha perdeu um grande homem. Exemplo de humildade, simplicidade, desprendimento, luta e fé: Padre Ermelindo. Acompanhou a vida de muitas famílias. Homem que esteve ao lado dos seus fiéis nos momentos mais difíceis da vida.
Quando o Pe. Ermelindo chegou em nossa paróquia, eu tinha 18 anos e participava do grupo de jovens CENI. Sua chegada demarcou um período de muita aprendizagem e vivência da espiritualidade, acompanhando de perto as reuniões que se realizavam aos domingos a tarde. Com seu jeito firme, cobrava estudo e oração, mas não deixava de apoiar os jovens. Assim nasceram várias lideranças.
Grandes debates travávamos com ele, natural da rebeldia questionadora que é característica da juventude. Muitas vezes, como se diz, queríamos "ensinar o padre a rezar a missa". Sabia dar as broncas nos jovens sem afastá-los. A casa paroquial sempre foi abrigo de todos. Não tinha cerca, não queria grades, preferia a casa cheia. Assim, a paróquia foi crescendo, sempre incentivando a participar dos movimentos pastorais. Era a diversidade na unidade.
Os leigos, participando ativamente, foram assumindo seu papel nos diversos movimentos. O espaço físico para reuniões foi ficando escasso. Era necessário pensar grande. Numa visão empreendedora, padre Ermelindo deu início à construção do centro cultural ao lado da igreja. Muitas críticas recebeu por iniciar uma obra de tamanha proporção. Foi firme, e com a ajuda da comunidade ergueu um grande centro comunitário. Investiu também recursos próprios, herança da família. Não era apegado a bens materiais. O lucro das festas era investido na igreja. Sempre prestava contas no final da missa do dinheiro arrecadado, centavo por centavo.
Enfim, muito pode ser dito sobre este homem que fez história em nossa cidade. Uma forma de homenageá-lo, preservando sua memória, seria dando o seu nome à obra que idealizou: "Centro Cultural Padre Ermelindo Lottermann". Manteríamos, assim, sua história viva entre nós, dando às gerações futuras uma lembrança de um homem que, dos 36 anos de sacerdócio, 24 anos foram de serviço a nossa cidade. Seu legado ficará marcado nas paredes do centro cultural, na escola São Francisco, na reforma da igreja São Vicente, nos muitos movimentos pastorais e também na história política da assistência social e nos vários conselhos municipais no qual participou ativamente. Obrigado por tudo meu amigo. Sabemos que estás intercedendo por nós. Descanse em paz.
Marco Barbosa