Nunca em toda a história fomos tão individualistas como neste curto tempo em que vivemos. Estamos permanentemente preocupados em satisfazer o nosso eu, em meio à guerra de vaidades, numa competição voraz para ser o primeiro, o mais rico, o melhor sucedido, o bambambam da história.
O culto ao individualismo que hoje é disseminado nas relações sociais, tira do ser humano a possibilidade de crescimento e de vivência das emoções que são partilhadas no exercício da convivência. Na necessidade que nos é imposta de sermos completos, independentes, de não enxergarmos nossos defeitos e limitações, nos afastamos cada vez mais das relações verdadeiras.
Não temos tolerância nem paciência com os nossos semelhantes. Não percebemos e não sentimos aqueles que estão à nossa volta. Tornamo-nos indiferentes com a dor alheia e não nos indignarmos mais com a injustiça e a falta de solidariedade.
Humanização das relações
Já está na hora de passarmos de fase neste jogo diário que é a vida. Observo que existe um movimento que a cada dia ganha mais espaço social. Talvez formado por mim e por você que já está cansado deste olhar permanente para o próprio umbigo.
A humanização das relações tem despertado para o olhar que se volta para fora, aproximando as vivências de forma colaborativa. Talvez uma ironia do destino, mas as redes sociais têm fomentado este retorno às nossas origens comunitárias.
Entre as mais atuais ferramentas de administração com inovação está o foco na relação com o cliente. Construir um bom relacionamento tornou-se fundamental para qualquer empresa. Esses dias recebi a ligação de uma pizzaria da cidade para responder a uma pesquisa de satisfação. Achei isso genial. Nunca ninguém me perguntou se a pizza estava boa ou qual sabor gostaria de sugerir. Isso é humanizar as relações. Sair do sistema padrão industrializado que algum dia alguém inventou.
Este despertar está em diversos espaços. No trabalho, cada vez mais, nascem experiências de empresas que centram seu olhar nas pessoas que lá dedicam seu trabalho e sua vida. São seu maior valor. Deixamos de ser máquinas numa linha de produção. Tornou-se fundamental a percepção do outro e do funcionamento coletivo para o crescimento e benefício global.
Jesus: humano e divino
Até mesmo as igrejas estão percebendo que devem olhar mais para fora. O individualismo também foi sentido entre os fieis, pastores e religiosos que voltavam sua ação para a cura pessoal, muitas vezes desconectada da vida comunitária. Jesus, referência maior neste tempo de Páscoa, ensinou através de seus gestos que o amor acontece na relação com o outro. “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Humano e divino. Que assim também sejamos.