O aumento da violência tem sido assunto recorrente nos noticiários e jornais. O assassinato de uma criança no complexo do Alemão ocorrido a quinze dias no Rio de Janeiro, o assassinato de um sargento da BM e seu filho em Alvorada a grave situação dos nossos presídios no Brasil e tantos outros fatos violentos acende uma preocupação sobre violência e o colapso da segurança no país. A humanidade caminha retrocedendo para a barbárie. O assunto requer ser analisado por vários ângulos e não há resposta fácil e saída única para avançarmos rumo a um povo civilizado.
Um modelo fracassado
É fato o crescente aumento da violência e a política equivocada de governos no combate à criminalidade. A Constituição de 1988 definiu avanços significativos aos cidadãos, como acesso à justiça, proteção à infância, à previdência social, etc. No entanto, as mudanças na prática não aconteceram. O modelo de polícia até hoje prevalecente é oriundo do modelo militar. Basta se ater para o texto constitucional que criou apenas mais duas polícias as já existentes. A presença do exército nos morros do Rio de Janeiro é o exemplo mais escrachado de um modelo fracassado de atuação das forças de segurança pública. O Estado assume sua incompetência e coloca o exército na favela. A “bomba” não será desativada. Uma e outra vão explodindo neste campo minado e, assim, o estado continua com sua incompetência ao não enfrentar de frente o problema da criminalidade. A vida do menino assassinado. A vida do policial assassinado. A vida desses e de tantos outros seres humanos assassinados diariamente compõem as estatísticas. Somos apenas números. A humanidade se acostumou com a barbárie. Retrocedemos ou será que ainda somos os mesmos do passado?
O sistema carcerário brasileiro em colapso
Bandido bom é bandido morto. Essa máxima ouvida e dita por muitos cidadãos brasileiros reflete o quanto há de desprezo e indignação a bandidagem, mas reflete também o quanto somos frágeis diante de um Estado que não dá segurança. Basta abrirmos os jornais diariamente e veremos os índices de criminalidade em ascensão. Porém, essa frase cunhada desde os tempos do regime militar introjetou uma cultura que banaliza a vida. Porque digo isso! Vejamos os presídios de nosso país. Muitas pessoas acreditam que os criminosos devem mesmo passar trabalho nos presídios. Que devem comer mal e que direitos humanos só servem para defender bandidos. No entanto, os que assim pensam, esquecem que o objetivo da prisão deve ser o de punir, ressocializar. Quanto pior for um presídio, pior será o marginal que de lá sairá. Prisões deveriam ser locais com dignidade, segurança, garantias e direitos respeitados. Presos devem ser punidos. Presos devem trabalhar. A cultura do quanto pior melhor interessa a quem? Em todas as sociedades haverá aqueles que irão desrespeitar as regras sociais. Precisamos de justiça. Precisamos de punições dignas. O cidadão terá maior tranquilidade ao sair as ruas quando a justiça prevalecer dentro e fora dos presídios.